Grosso modo, a diferença pode ser rastreada a partir da diferença entre conter sob si e conter em si. Num caso, o uno contém sob si o múltiplo: trata-se do modo próprio aos conceitos. Noutro, o uno contém em si o múltiplo: trata-se do modo próprio ao espaço.
Segundo a interpretação de Brum Torres, a nota do parágrafo 17 amplia a lição já dada na Estética Transcendental "ao sugerir que o regime da relação todo/parte que fora apresentado como próprio do espaço é a forma de estruturação interna das intuições consideradas como um modo específico de cognição."(p. 84)
Ou seja, o parágrafo 17 estende, às demais intuições (as empíricas), a relação uno-múltiplo do espaço (intuição pura). Assim, argumentação parte das seguintes premissas:
- há uma certa caracterização acerca desta relação no item 3 da Exposição Metafísica;
- essa caracterização - aplicada a toda intuição a partir do parágrafo 17 - é suficiente para distinguir a relação uno-múltiplo no espaço daquela própria aos conceitos;
- o espaço (todo) contém em si suas partes; e a distinção entre espaço e conceito deriva da condição de que aquele, diferentemente desse, contém suas partes 'em si'.
É possível explicar a diferença noutros termos, avançando no fundamento da distinção? Creio que sim. Isso é parte do que pretendo fazer na dissertação ora (muitas horas!) em curso.